quinta-feira, 23 de outubro de 2008

VONTADE: do Livro “O problema do ser, do destino e da dor” * Léon Denis

VONTADE

 

Como poremos em movimento nossos poderes interiores e os orientaremos para um ideal elevado? Pela vontade! O uso persistente, tenaz dessa faculdade soberana nos permitirá modificar nossa natureza, vencer todos os obstáculos, dominar a matéria, a doença e a morte.

 

É pela vontade que dirigimos nossos pensamentos para um objetivo preciso. Na maioria dos homens, os pensamentos flutuam sem parar. Sua mobilidade constante, sua variedade infinita oferecem pequeno acesso às influências superiores. É preciso saber se concentrar, colocar seu eu em sintonia com o pensamento divino. Então se produz a fecundação da alma humana pelo Espírito Divino que a envolve e penetra, a torna apta a realizar nobres tarefas, prepara-a para a vida no além, cujos esplendores entrevê enfraquecidamente desde este mundo. Os Espíritos elevados vêem e ouvem entre si os pensamentos que são harmonias penetrantes, enquanto os nossos são, na maioria das vezes, apenas discordância e confusão. Aprendamos a nos servir de nossa vontade e, por ela, a unir nossos pensamentos a tudo o que é grande, à harmonia universal, cujas vibrações enchem o espaço e embalam os mundos.

 

A vontade é o maior de todos os poderes. Em sua ação, ela é comparável a um ímã. A vontade de viver, de desenvolver em si a vida, atrai para nós novos recursos vitais. Está aí o segredo da lei de evolução. A vontade pode agir com intensidade sobre o corpo fluídico, ativar suas vibrações e, dessa forma, apropriá-lo a um modo sempre mais elevado de sensações, prepará-lo para um estágio mais alto de existência.

 

O princípio de evolução não está na matéria; está na vontade, cuja ação se estende tanto à ordem invisível das coisas quanto à ordem visível e material. Essa é simplesmente uma conseqüência daquela. O princípio superior, o motor da existência, é a vontade. A Vontade Divina é o grande motor da vida universal. O que importa acima de tudo é compreender que podemos realizar tudo no domínio psíquico. Nenhuma força permanece estéril quando se exerce de um modo constante, visando a um objetivo coerente com o direito e a justiça.

 

É o que se dá com a vontade; ela pode agir igualmente no sono e na vigília, porque a alma corajosa, que estabeleceu para si mesma um objetivo, procura-o com tenacidade em ambas as fases de sua vida e determina assim uma corrente poderosa que mina lenta e silenciosamente todos os obstáculos.

 

Com a preservação dá-se o mesmo que com a ação. A vontade, a confiança, o otimismo são outras tantas forças preservadoras, outras tantas muralhas opostas em nós a toda causa de problema, de perturbação interior e exterior. Bastam, às vezes, por si sós, para desviar o mal, enquanto o desânimo, o temor, o mau humor nos desarmam, nos expõem a ele sem defesa.

 

O simples fato de olhar de frente o mal, o perigo e a dor, e a resolução de afrontá-los, de vencê-los, diminuem-lhes a importância e o efeito. (...)

 

(...) Pela vontade criadora dos grandes Espíritos e, acima de tudo, do Espírito Divino, toda uma vida maravilhosa se desenvolve e se estende, de grau em grau, ao infinito, nas profundezas do cosmo, vida incomparavelmente superior a todas as maravilhas criadas pela arte humana, e tanto mais perfeita quanto mais se aproxima de Deus.

 

Se o homem conhecesse a extensão dos recursos que há nele, talvez ficasse deslumbrado com isso; em vez de se acreditar fraco e de temer o futuro, compreenderia a sua força, sentiria que ele próprio pode criar esse futuro.

 

Cada alma é um foco de vibrações que a vontade impulsiona. Uma sociedade é um agrupamento de vontades que, quando estão unidas, dirigidas para um mesmo objetivo, constituem um centro de forças irresistíveis. A humanidade é um foco ainda mais poderoso que vibra através da imensidade.

 

Pela educação e exercício da vontade, certos povos chegam a resultados que parecem prodigiosos. (...) (...) Querer é poder! O poder da vontade é sem limites. O homem consciente de si mesmo, de suas fontes latentes, sente crescerem suas forças em razão de seus esforços. Ele sabe que tudo o que deseja de bem e de bom deve se realizar cedo ou tarde, inevitavelmente, seja no presente, seja na seqüência de suas existências, quando seu pensamento se puser de acordo com a Lei Divina. E é nisso que se cumpre a palavra celeste: "A fé move montanhas". (...)

 

(...) Minha vontade chama-me: "Adiante, sempre adiante; cada vez mais conhecimento, mais vida, vida divina!" Com ela conquistarei essa plenitude da existência, construirei para mim uma personalidade melhor, mais radiante e mais amorosa. Saio para sempre do estado inferior do ser ignorante, inconsciente de seu valor e de seu poder; afirmo-me na independência e na dignidade de minha consciência e estendo a mão a todos os meus irmãos ao lhes dizer:

 

"Despertai de vosso sono pesado; desatai o véu material que vos encobre. Aprendei a vos conhecer, a conhecer os poderes que estão em vós e a utilizá-los. Todas as vozes da natureza, todas as vozes do além vos exclamam: 'Levantai-vos e marchai! Apressai-vos para a conquista de vossos destinos!"

 

 

Livro "O problema do ser, do destino e da dor" – Léon Denis

Mensagem de Bezerra de Menezes e de Leon Denis: A viagem do Autoconhecimento

A viagem do Autoconhecimento

Se não fosse a persistência desse grande vulto que é Allan kardec, o que teria sido de todos nós? De mim, que despertei, realmente, com a leitura do livro dos espíritos, do evangelho consolador, para abraçar o mundo espiritual das grandes verdades que a codificação encerra.

Todo aquele que quiser ser espírita, tem de deixar muito da sua ânsia de ser compreendido.  Não pode ser hipersensível, não pode mergulhar nas susceptibilidades. Tem de ser, realmente, fraterno e compreensivo.

Porque todos nós estamos na terra numa grande viagem, vocês encarnados principalmente.

Nessa grande viagem, vocês sofrem as condições exteriores de agressões, de lutas, provas, enfermidades.

Mas vocês estão, também, realizando uma grande viagem interior. Vocês estão conhecendo o caráter, a personalidade, os sentimentos que vocês agasalham dentro da alma e do coração e que só vocês conhecem.

Essa viagem interior, que todos os espíritas devem fazer, que se todas as criaturas a fizessem seria muito bom, é aquela de auto reconhecimento.

Sabemos que estamos caminhando, trazendo muita coisa que podemos deixar pelos caminhos da terra, para que as nossas almas sejam aladas e consigam empreender o grande vôo para o cimo da Luz.

Sem essa viagem interior com esses permanentes bloqueios que nós teimamos em fazer, não reconhecendo nossas falhas, nossas dúvidas, nossos conflitos, nossas neuroses, nossos traumas, transferindo sempre para o exterior tudo o que sofremos - nós não conseguiremos obter a nossa libertação.

É preciso, meus filhos, viajarmos dentro de nossa própria alma. Porque na grande viagem reencarnatória, dependendo ou não de vocês, vocês terão lutas e problemas, que, muitas vezes, esse ponto de agressão, de sentimentos inferiores. Mas, dentro do nosso espírito não, somos senhores absolutos do que pensamos, do que queremos, do que realizamos. Por isso, se as nossas chagas interiores, só nos mesmos podemos curá-las.

Que o mestre, que com suas mãos chagadas cura as chagas de nossas mãos, que nem sempre trabalham pelo próximo e que, muitas vezes, se feriram, ferindo semelhantes, que esse mestre possa, com as suas mãos divinas, acalentar a todos nós, na luz do seu infinito, do seu imenso e bondoso amor.

 

Texto de reflexão de 22/10/2008

Mensagem do Espírito de Bezerra de Menezes

(psicografado por Shyrlene Campos)

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Boa Nova

Os seus discípulos lhe rogaram, dizendo: Rabi, come.
Ele, porém, lhes disse: Uma comida tenho para comer, que vós não conheceis.
Então os discípulos diziam uns aos outros: Trouxe-lhe, porventura, alguém algo de comer?
Jesus disse-lhes: A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou, e realizar a sua obra. Eis que eu vos digo: Levantai os vossos olhos e vede as terras, que já estão brancas para a ceifa.
 
[Jesus - Jo. 4, 31:34]

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Mensagem de Joanna de Angelis - A DESGRAÇA REAL

A DESGRAÇA REAL

Desgraça é todo acontecimento funesto, desonroso, que aturde1 e desarticula os sentimentos, conduzindo a estados paroxísticos2, desesperadores.

Não somente aqueles que se apresentam trágicos, mas também inúmeros outros que dilaceram o ser íntimo, conspirando contra as aspirações do ideal e do Bem, da fraternidade e da harmonia íntima.

Chegando de surpresa, estiola a alegria, conduzindo ao corredor escuro da aflição.

Somente pode avaliar o peso de angústias aquele que lhes experimenta o guante3 cruel.

Há, no entanto, desgraças e desgraças. As primeiras são as que irrompem desarticulando a emoção e desestruturando a existência física e moral da criatura que, não raro, sucumbe ante a sua presença e aqueloutras, que não são identificadas por se constituírem conseqüências de atos infelizes, arquitetados por quem ora lhes padece os efeitos danosos. 

Essa, sim, são as desgraças reais.

Há ocorrências que são enriquecedoras por um momento, trazendo alegrias e benesses, para logo depois se converterem em tormentos e sombras, escassez e loucura. No entanto, quando se é responsável pela infelicidade alheia, ao trair-se a confiança, ao caluniar-se, a investir-se contra os valores éticos do próximo, semeando desconforto ou sofrimento, levando-o ao poste do sacrifício, ou à praça do ridículo, a isso chamaremos desgraça real, porque o seu autor não fugirá da própria nem da Consciência Cósmica.

Assim considerando, muitos infortúnios de hoje são bênçãos, pelo que resultarão mais tarde, avorecendo com paz e recuperação o déspota4 e infrator de ontem, em processo de recuperação do mal praticado.
Sob outro aspecto, o prazer gerado na insensatez, os ganhos desonestos, as posições de relevo que se fixam no padecimento de outras vidas, o triunfo que resulta de circunstâncias más para outrem, os tesouros acumulados sobre a miséria alheia, os sorrisos da embriaguez dos sentidos, o desperdício e abuso ante tanta miséria, constituem fatores propiciadores de dolorosos efeitos, portanto, são desgraças inimagináveis, que um dia ressurgirão em copioso pranto, em angústias acerbas, em solidão e deformidade de toda ordem, pela necessidade de expungir-se e reeducar-se no respeito às Leis soberanas da Vida e aos valores humanos desrespeitados.

O Homem-Jesus não poucas vezes chamou a atenção para essa desgraça, não considerada, e para a felicidade, por enquanto envolta em problemas, mas única possibilidade de ser fruída por definitivo.

Todos os que choram, os famintos e os sequiosos5 de justiça, os padecentes de perseguições, todos momentaneamente em angústia, logo mais receberão o quinhão do pão, da paz, da vitória, se souberem sofrer com resignação, após haverem resgatado os compromissos infelizes a que se entregaram anteriormente, e geradores da situação atual aflitiva.

Aqueles porém, que sorriem na loucura da posse, que se locupletam6 sobre os bens da infâmia e da cobiça, que são aplaudidos pelas massas e anatematizados7 pela consciência, oportunamente serão tomados pelas lágrimas, pela falta, pelo tormento...

São inderrogáveis as Leis da Vida, constituindo ordem e harmonia no Universo. [...]

Joanna de Ângelis
Livro: Jesus e o Evangelho – À Luz da Psicologia Profunda
[Divaldo P. Franco]


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aturdir - atordoar; perturbar; intimidar; assombrar.
paroxismo - a maior intensidade de um acesso, de uma dor, de uma doença ou de uma paixão; agonia final.
guante - luva de ferro da armadura antiga.
déspota - pessoa que governa com autoridade absoluta e arbitrária; tirano; opressor.
sequioso - que tem sede ou grande desejo de água; muito seco; cobiçoso.
locupletar - tornar rico; enriquecer; saciar; encher-se.
anatematizar - excomungar; amaldiçoar; condenar; reprovar.